São 16 milhões de pessoas com diabetes no Brasil, segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS). A taxa de incidência da doença cresceu 61,8% nos últimos dez anos. A diabetes é uma epidemia global e o Brasil ocupa o 4º lugar no ranking dos países com o maior número de casos.
Vários fatores contribuem para o desenvolvimento da doença. Saiba quais são e como tratar a diabetes corretamente.
O que é diabetes?
Diabetes mellitus é uma doença caracterizada pela elevação da glicose no sangue, ou seja, aumento de açúcar no sangue. Pode ser causada por diferentes fatores, como:
- Defeitos na secreção ou na ação do hormônio insulina, produzido no pâncreas;
- Alterações genéticas na produção da insulina;
- Má alimentação e sobrepeso;
- Uso de drogas;
- Infecções virais.
A função principal da insulina é promover a entrada de glicose nas células do organismo. Desta forma, a glicose pode ser utilizada nas diversas atividades celulares. A falta da insulina ou a sua ação ineficiente gera o acúmulo de glicose no sangue, chamado de hiperglicemia.
Tipos de diabetes
Há diversas doenças que podem ter a diabetes como consequência. No entanto, existem basicamente dois tipos da doença:
Diabetes tipo 1 (DM1)
Esse tipo de diabetes é resultado da destruição das células beta pancreáticas. O próprio organismo produz anticorpos contra as células beta, o que leva à deficiência de insulina. No exame de sangue, é possível verificar a presença dos anticorpos ICA, IAAs, GAD e IA-2.
Eles estão presentes entre 85 e 90% dos casos de DM 1. Esse tipo da doença geralmente atinge crianças e jovens, mas pode ser desencadeado em qualquer faixa etária.
Diabetes Tipo 2 (DM 2)
Cerca de 90% dos casos da doença são de diabetes tipo 2. Neste caso, a insulina é produzida pelas células beta pancreáticas, porém, sua ação é insuficiente, o que caracteriza um quadro de resistência insulínica. Isso causa uma elevação de insulina para tentar manter a glicose em níveis normais. Quando isso não é mais possível, surge a diabetes.
A DM 2 geralmente está associada ao aumento de peso e obesidade, atinge principalmente adultos a partir dos 50 anos. No entanto, é cada vez mais evidente o desenvolvimento da doença em jovens e até crianças. Isso está relacionado ao alto consumo de gorduras e carboidratos e à falta de exercícios físicos.
Diabetes gestacional
A diabetes durante a gestação pode ser temporária ou não. Ao fim da gravidez, a mulher deve ser avaliada e acompanhada por um médico. Na maioria dos casos, a doença é detectada no terceiro trimestre da gravidez por meio de um teste de sobrecarga de glicose.
Atenção! Gestantes com histórico de diabetes gestacional, perdas fetais, má formações fetais, hipertensão arterial, obesidade ou história familiar de diabetes não devem esperar aguardar até o terceiro trimestre para fazerem o teste, já que a chance de desenvolverem a doença é maior.
Outros tipos de diabetes são raros e incluem alterações genéticas na função da célula beta (MODY 1, 2 e 3), na ação da insulina, doenças do pâncreas (pancreatite, tumores pancreáticos, hemocromatose), outras doenças endócrinas (Síndrome de Cushing, hipertireoidismo, acromegalia) e uso de certos medicamentos.
Quais os sintomas da diabetes?
Quem tem diabetes desenvolve algumas características, como:
Sede excessiva
Pessoas com diabetes têm muita sede, o que é chamado de polidipsia. Apesar de ingerir muita água, a pessoa não consegue saciar a sede.
Muita vontade de urinar
Urinar em excesso ou com mais frequência é mais um dos sintomas da diabetes chamado de poliúria. Isso ocorre porque os rins não conseguem reabsorver toda a glicose filtrada, que é eliminada junto a uma grande quantidade de água. Assim, ocorre uma sensação de desidratação, que faz que o paciente ingira mais líquidos. Isso cria um círculo vicioso. Nesse caso, a urina é muito límpida e clara, devido às altas quantidades de água que são ingeridas por dia.
Aumento da fome
Quem tem diabetes costuma sentir uma fome insaciável. Quer comer diversas vezes ao dia. Essa polifagia é consequência da baixa quantidade de glicose que consegue ser absorvida e utilizada pelas células, que enviam mensagens de que o corpo precisa de mais fonte de energia. O cérebro entende que o problema está na baixa ingestão de alimentos e estimula a fome. Mas, na verdade, comer só vai aumentar ainda mais os níveis de açúcar no sangue e, consequentemente, os outros sintomas da diabetes.
Perda de peso
Apesar de comer muito, as pessoas com diabetes têm um emagrecimento contínuo e inexplicável. Mais comum na diabetes tipo I, esse sintoma é resultado da queima de gordura e massa muscular para obtenção de energia, pois as células não conseguem utilizar a glicose.
Alterações na visão
Apresentar visão turva ou borrada, que gera dificuldades para enxergar, e não ter nenhum tipo de problema de visão pode ser um sinal de diabetes. Este sintoma é causado por uma inflamação nos olhos que gera alterações na capacidade de foco. Se os níveis da glicose forem controlados, é possível reverter o quadro. Caso contrário, pode evoluir para cegueira.
Prevenir a diabetes
A forma mais eficaz de prevenir a diabetes é manter uma vida saudável. Veja alguns hábitos que podem ajudar no seu estilo de vida:
- Pratique exercícios físicos regularmente;
- Tenha uma alimentação balanceada;
- Mantenha o peso ideal;
- Controle o estresse e a pressão arterial;
- Evite cigarros e bebidas alcoólicas;
- Faça exames de rotina.
Diagnóstico da diabetes
O diagnóstico da diabetes é feito por meio de exames laboratoriais. Veja os resultados que confirmam a doença:
- Glicemia de jejum > 126 mg/dl após jejum de 8 horas;
- Glicemia casual, na qual o sangue é colhido em qualquer horário do dia, independente da última refeição realizada. Valor > 200 mg/dl;
- Glicemia > 200 mg/dl duas horas após sobrecarga oral de 75 gramas de glicose.
Há dois grupos de pessoas, identificados por esses mesmos exames, que devem ser acompanhados de perto, pois têm grande chance de se tornarem diabéticos, são chamados de pré-diabéticos. Essas pessoas já devem ser submetidas a um tratamento preventivo que inclui mudança de hábitos alimentares, prática de exercícios físicos ou o uso de medicamentos. Os pré-diabéticos são identificados a partir dos seguintes resultados:
- Glicemia de jejum > 110mg/dl e < 126 mg/dl.
- Glicemia 2 horas após sobrecarga de 75 gr de glicose oral entre 140 mg/dl e 200 mg/dl.
O diagnóstico precoce do diabetes é importante não só para prevenir complicações, como também para evitar complicações crônicas.
Casos em que a diabetes pode apresentar complicações
As complicações da diabetes geralmente ocorrem quando o tratamento não é feito corretamente. Portanto, não há controle dos níveis de açúcar no sangue. O acúmulo de glicose no sangue por muito tempo pode provocar lesões em diferentes órgãos.
Lesões nos rins – a alteração nos vasos sanguíneos dos rins causa dificuldade para filtrar o sangue, o que pode resultar em insuficiência renal e levar à necessidade de realizar hemodiálise.
Problemas de visão – alterações na visão podem ser provocadas pelo aumento de açúcar no sangue e há maior risco de desenvolver doenças, como:
- Catarata;
- Glaucoma;
- Edema macular;
- Retinopatia diabética.
Neuropatia diabética – é a degeneração progressiva dos nervos, o que provoca diminuição da sensibilidade em algumas partes do corpo, como os pés, originando o pé diabético ou sensação de queimação, frio ou formigamento nos membros atingidos.
Problemas cardíacos – a diabetes não controlada também pode favorecer o comprometimento do coração. Por isso, há maior risco da pessoa ter um infarto, aumento da pressão arterial ou AVC.
Infecções – há mais chances de desenvolver infecções por haver grande quantidade de açúcar no sangue, o que favorece a proliferação de microrganismos. É comum pessoas com diabetes terem doenças periodontais, nas quais há infecção e inflamação da gengiva que pode levar à perda dos dentes.
Tratamentos para a diabetes
O objetivo principal do tratamento é controlar os níveis de açúcar no sangue e evitar complicações. O médico pode indicar, além da mudança dos hábitos alimentares, a terapia de insulina que pode ser feita por meio de diferentes dispositivos, como:
- Ampola e seringa;
- Caneta de insulina;
- Bombas de insulina.
O médico avaliará o que é mais adequado para o seu caso, assim como a dosagem da insulina, e com qual objeto você se adapta melhor.
Em conjunto com a terapia de insulina e o planejamento alimentar, é fundamental monitorar os níveis de glicose diariamente. Existem aparelhos portáteis que medem a glicemia rapidamente. É importante anotar os valores para informar ao médico na próxima consulta.
Atenção! É preciso acompanhar a doença de perto para prevenir complicações.
Suplementos de baixo índice glicêmico
Existem suplementos de baixo índice glicêmico que podem ser incorporados à alimentação da pessoa com diabetes. Ajudam no controle do índice glicêmico, reduzem o impacto negativo de uma alimentação rica em carboidratos, além de manter os níveis saudáveis de glicose no sangue e diminuir o acúmulo de gorduras.
Converse com o médico ou nutricionista e veja qual suplemento é mais adequado para o seu caso.