A dieta enteral e a dieta parenteral são alternativas para que a pessoa não fique desnutrida quando não consegue se alimentar de forma natural. Existem produtos que são perfeitamente capazes de suprir as necessidades nutricionais daquele que já está abalado por conta de um eventual problema de saúde. Saiba o que diferencia essas dietas e quais cuidados exigidos para administrá-las.
O que é dieta parenteral?
A dieta parenteral é uma forma de alimentação feita diretamente na veia, quando a pessoa não tem condições de fazer as refeições de maneira convencional ou de realizar a dieta enteral. O cateter pode ser inserido nos membros superiores ou central, por meio das veias cava, jugular ou femoral.
É produzida uma solução ou emulsão com formulações de acordo com as necessidades de cada pessoa. É basicamente composta por carboidratos, aminoácidos, glicose, gorduras, proteínas, eletrólitos, sais minerais e vitaminas.
Geralmente esse tipo de alimentação é empregado quanto o sistema gastrointestinal está debilitado, ou seja, suas funções estão comprometidas. É muito comum ser utilizada em casos de câncer do estômago ou intestino em estágio avançado, por exemplo.
A dieta parenteral é indicada quando a alimentação por via oral não pode ser feita de forma efetiva por mais de cinco ou sete dias. Pode ser realizada por curto prazo, até um mês, ou a longo prazo, mais de um mês.
Há dois tipos de dieta parenteral. A dieta parenteral parcial, na qual somente alguns tipos de nutrientes e vitaminas são administrados por meio intravenoso, e a dieta parenteral total, como o próprio nome já diz, todos os nutrientes que a pessoa necessita são administrados por meio da veia.
O que é dieta enteral?
A dieta enteral é uma forma de alimentação líquida feita geralmente por meio de sonda, quando a pessoa não pode ou não consegue ingerir alimentos sólidos pela boca. Costuma ser usada em casos de cirurgia da região da cabeça e do pescoço, esôfago e estômago, por exemplo.
Todos os nutrientes da alimentação sólida devem ser mantidos na dieta enteral, como carboidratos, proteínas, gorduras, vitaminas, minerais e água.
A alimentação líquida é realizada por meio de um tubo ou sonda que pode ser inserida pelo nariz e posicionada no estômago ou no intestino delgado. São as chamadas sonda nasogástrica e sonda nasoentérica, respectivamente.
Também existe a opção de a sonda ser instalada diretamente no abdômen e ser direcionada ao estômago ou ao intestino por meio de punção ou corte. Esses procedimentos são chamados de gastrostomia e jejunostomia. O tipo de sonda escolhida dependerá de cada caso.
Quais são os tipos de dietas enterais?
Existem dois tipos de dietas enterais, veja quais são:
Dieta caseira
Produzida a partir de alimentos in natura, como legumes, hortaliças, carnes e frutas, que são batidos no liquidificador e peneirados para tornar a textura mais líquida. São adicionados produtos nutricionais prontos de acordo com a orientação da equipe médica.
Dieta industrializada
É vendida pronta e balanceada, em pó a ser diluído em água no liquidificador ou na forma líquida, já pronto para o uso. As duas apresentações têm todos os nutrientes necessários para dieta enteral determinada pelo médico.
A dieta enteral tem uma finalidade de acordo com cada caso. Conheça as principais modalidades e seus respectivos objetivos:
Hipercalórica
Rica em carboidratos e gorduras boas, tem alto teor calórico. É indicada para pessoas com dificuldade em ganhar peso;
Hiperproteica
Proporciona maior consumo de proteínas e gorduras, enquanto diminui a ingestão diária de carboidratos. É recomendada para a recuperação do estado nutricional da pessoa, que tem um uma maior necessidade energética e/ou protéica;
Normocalórica
Com quantidades normais de caloria, é utilizada em quem precisa manter o estado nutricional, ou seja, equilibrar o peso. Não ganhar nem perder.
Há ainda outros tipos de dietas enterais que buscam o controle glicêmico (nível de açúcar no sangue), com ou sem fibras, focadas em cicatrização, por exemplo.
Atenção! Somente o médico é capaz de definir qual o tipo de dieta enteral mais indicado ao caso. Para isso, ele avalia o metabolismo, a condição física e o problema de saúde da pessoa.
Quais cuidados devem ser tomados na dieta enteral?
A dieta enteral, quando feita em casa, pode ser administrada por um parente, cuidador ou até por uma equipe de enfermeiros. Veja os cuidados necessários antes de fornecer a dieta:
- Lave bem as mãos antes de iniciar o preparo;
- Verifique sempre o prazo de validade da dieta;
- Se for uma dieta enteral industrializada líquida, guarde o restante do frasco na geladeira;
- Pendurar o frasco a uma altura que permita a descida da dieta enteral, cerca de 60 cm
- ou mais da altura da cabeça da pessoa;
- Para evitar qualquer desconforto, como diarreia, gases, náuseas e vômito, controle o
- gotejamento por meio do regulador. Por exemplo, o volume de 200 ml deverá correr em aproximadamente 30 minutos. Em geral, o volume deverá correr em um tempo médio de x minutos;
- Quando o frasco com a dieta enteral estiver pendurado e com o equipo conectado (tubo de material flexível que conecta o frasco com a dieta à sonda), deixe a alimentação percorrer todo o equipo para retirar o ar. Após isso, conecte o à sonda;
- Enquanto a pessoa estiver recebendo a dieta enteral, não deve ficar completamente deitada. É recomendado ficar sentado ou levantar a cabeceira com alguns travesseiros. Isso evita o refluxo da dieta.
Depois da dieta:
- A pessoa deve ficar na posição por 30 minutos ou mais antes de deitar completamente;
- Injete água após o término da dieta, em cada horário, para limpar a sonda adequadamente e evitar riscos de entupimento. Utilize uma seringa de 20 ml e injete 40 ml de água filtrada ou água mineral pela sonda;
- O frasco, o equipamento e a seringa são descartáveis, mas podem ser reutilizados enquanto estiverem em condições de uso, ou seja, limpos, sem resíduos, sem rachaduras, com o êmbolo deslizando facilmente dentro da seringa.
É recomendado que a dieta prescrita pelo nutricionista seja feita em todos os horários indicados para que não haja nenhum prejuízo no fornecimento dos nutrientes. Se eventualmente a dieta não for dada, não tente compensar depois em outro horário.
Caso a pessoa tenha náusea, tosse excessiva, dificuldade para respirar ou qualquer alteração, suspenda imediatamente a dieta e contacte o médico.
Fonte: Orientações para Pacientes Nutrição Enteral
Quais as vantagens da dieta enteral sobre a parenteral?
O objetivo principal tanto da dieta enteral quanto da parenteral é evitar a desnutrição da pessoa que já se encontra debilitada por conta de algum problema de saúde. No entanto, a dieta enteral é menos invasiva. Conheça as principais vantagens desse tipo de alimentação:
- Parece mais com a alimentação natural, é mais fisiológica;
- Pode receber nutrientes complexos, tais como proteínas integrais e fibras;
- A presença dos nutrientes no trato digestivo estimula a movimentação intestinal, o que preserva a integridade da mucosa;
- Mantém o pH e a flora intestinal normais;
- Estimula a atividade imunológica intestinal;
- Reforça a barreira da mucosa intestinal e aumenta a proteção contra infecções bacterianas;
- Tende a ter menos complicações;
- Menor custo.
Como fazer a avaliação das dietas nutricionais?
Para avaliar qual o tipo de dieta mais indicado para o caso, o médico deve analisar os seguintes dados:
- Nível de ingestão;
- Estado físico;
- Necessidades nutricionais;
- Tipo de doença e a respectiva gravidade;
- Perdas nutricionais.
Exames laboratoriais, como hemograma, glicemia e o balanço hídrico também são importantes para essa avaliação.
Elas podem causar efeitos colaterais?
Tanto a dieta enteral quanto a dieta parenteral podem causar efeitos colaterais, como:
- Vômito;
- Diarreia;
- Náusea;
- Constipação;
- Pneumonia.
Por isso, é fundamental que o médico avalie a pessoa regularmente para verificar a resposta do organismo à dieta e evitar riscos de infecção.
Ficou com alguma dúvida? Entre em contato conosco. Será um prazer atendê-lo.